Seca na Argentina faz disparar o preço do milho no país
A seca na Argentina reduziu a produção de milho do país vizinho neste
ano e proporcionou a disparada dos preços no mercado brasileiro.
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© Pixabay
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Em um ano, em valores nominais, a
alta do preço da saca de 60 quilos chegou a 41,47%, de acordo com dados do
Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP (Escola
Superior de Agricultura Luiz de Queiroz).
O preço da saca de 60 quilos na
última quarta-feira (4) estava em R$ 40,83, ante os R$ 28,86 praticados há um
ano, segundo o Cepea. Em algumas regiões de Mato Grosso do Sul, a alta foi
ainda maior e alcançou 46%.
O aumento no preço ocorreu devido
às adversidades climáticas na produção da Argentina. Primeiro, com excesso de
chuva e, depois, com seca.
Dados do Crea (associação
argentina de produtores agrícolas) mostram que as perdas chegaram a 10% em
algumas regiões, mas o índice pode ser ainda maior.
"Hoje foi a Argentina, mas
amanhã poderá ser o próprio Brasil ou os EUA, como foi em 2012. Para nós é
muito bom, ganharemos espaço no mercado internacional, que é complicado. Ou se
está constante, com um bom produto e preço competitivo, ou não se fica
nele", disse o presidente-executivo da Abramilho (Associação Brasileira
dos Produtores de Milho), Alysson Paolinelli, ministro da Agricultura (1974-79)
no governo de Ernesto Geisel.
Em Mato Grosso do Sul, os preços
foram pressionados também, de acordo com a Famasul (federação da agricultura e
pecuária do estado), pelo cenário norte-americano.
A área a ser semeada com milho
deverá ficar 2,43% inferior à da safra anterior nos EUA, o que provocou alta
nas cotações internacionais e deverá repercutir mais no mercado brasileiro.
"A Argentina, provavelmente,
sofrerá com o La Niña também no ano que vem, o que é um azar para eles, e os
EUA estão com problemas também. No leste dos EUA, há milho coberto de neve da
última semana. Tudo isso é favorável ao Brasil no atual momento."
Embora veja como positivo o
cenário atual, Paolinelli disse que o problema argentino influenciará
negativamente os preços no Brasil de frango, suíno e pecuária de leite e de
corte, que utilizam o milho.
Pesquisador do Cepea, o docente
da Esalq Lucilio Alves disse que os preços devem ter tendência de queda até o
próximo mês, mas podem sofrer novas altas se a Argentina divulgar novos
levantamentos apontando que a quebra da safra é ainda maior que o anunciado.
"O mercado avalia que os
dados oficiais divulgados até o momento estão muito otimistas e que a queda
pode ser maior", afirmou.
Segundo ele, porém, salvo novas
divulgações, o mercado tem sinalizado que, até maio, as cotações seguirão em
queda no mercado nacional.
MERCADO INTERNO
A expectativa é que o Brasil
tenha aumento de safra em relação às estimativas iniciais, compensando parte da
queda na Argentina, o que deverá fazer os preços recuarem nos próximos meses,
de acordo com o pesquisador.
"O mercado subiu bem até
março, não se esperava alta nesse período. Temos estoque alto, tivemos uma boa
safra de verão, apesar de menor que a do ano passado, então temos milho para o
primeiro semestre.Do segundo em diante vai depender da segunda safra, que é o
que devemos focar daqui para a frente."
De acordo com o pesquisador, após
a colheita da safra de verão, estimada em 25 milhões de toneladas, esperava-se
que fosse suficiente para segurar o preço ou não abrir espaço para alta, mas o
"fator Argentina" assustou o mercado, favorecendo elevações de preço.
"Mas também começamos a ter
atraso do semeio da segunda safra, o que gerou impactos negativos sobre
produtividade." Com informações da Folhapress.
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